Um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Minimalista

Wilson Azevedo
5 min readNov 28, 2021

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Combinando Google Drive, Whatsapp e Facebook, você pode organizar um AVA extremamente acessível e fácil de usar para seus alunos

Neste momento estou conduzindo o curso FAZER A PONTE, com a equipe de professores da Escola da Ponte, de Portugal.

Neste curso os alunos fazem basicamente 3 coisas:

  • estudam um material didático;
  • interagem com os professores;
  • aprendem colaborativamente uns com os outros.

Portanto, era preciso oferecer um ambiente que permitisse que essas 3 coisas acontecessem de forma indolor, tranquila, suave e sem complicações para os alunos.

Agora, observe a cara do AVA que organizamos para este curso:

Página do curso FAZER A PONTE

Em PROGRAMA os alunos encontram o material de estudo organizado de acordo com o cronograma das 4 semanas de duração do curso, distribuído em conjuntos de materiais para serem estudados a cada semana.

Em SALA os alunos podem interagir com os professores do curso através de 3 dispositivos:

  • um sistema de “enquete”, que subvertemos para funcionar como um sistema de envio e votação em perguntas;
  • um grupo de Whatsapp onde apenas o coordenador do curso pode postar;
  • páginas atualizadas a cada 5 minutos com respostas dos professores às perguntas dos alunos.

A “enquete” subvertida é quem dispara o processo de aprendizagem. Depois de estudar o material previsto para a semana, o aluno compartilha perante todos suas dúvidas e questionamentos sob a forma de perguntas. Ou seja, o processo começa com a pergunta do aluno, com o que o aluno deseja aprender. São os alunos que definem o conteúdo do curso, perguntando.

Além de perguntar, os alunos podem, pela “enquete subvertida”, votar nas perguntas que desejam ver respondidas primeiro. Isto ajuda a própria turma a organizar uma espécie de “ranking” de temas e questões que os professores podem então priorizar, sabendo que aquela não é a pergunta de apenas um aluno, mas de vários alunos como que dizendo “por favor, aborde esta questão primeiro”.

Isto previne a redundância e repetição de perguntas, ao mesmo tempo em que direciona claramente os professores para que atendam aos interesses dos alunos e tratem dos temas que os próprios alunos mostram serem mais relevantes para eles.

Digo “enquete subvertida” porque em geral enquetes propõem perguntas para as quais os participantes dão respostas, votando naquelas respostas que julgam serem as mais pertinentes. A subversão consiste em deixar que os participantes proponham perguntas e votem nas perguntas que consideram mais relevantes. É um uso criativo, não previsto, porém perfeitamente possível de uma ferramenta de “enquete”.

Diariamente os professores consultam a enquete da semana, pegam as perguntas mais votadas do dia e respondem em um Documento Google colaborativamente redigido (20 professores da Escola da Ponte se distribuem na resposta às perguntas dos alunos) e acessível aos alunos através do recurso de publicação do “Google Doc” como uma página web, atualizada automaticamente a cada 5 minutos. Ou seja: o conteúdo vivo deste Documento Google é exibido de forma atualizada à medida que vai sendo preenchido com as perguntas mais votadas e respectivas respostas dadas pelos professores. Ao final de cada semana passa-se a ter um impressionante conteúdo com cerca de 50 a 60 perguntas e respostas cobrindo exatamente aquilo que os alunos mostraram que queriam aprender e entender melhor acerca do tema da semana. E, ao fim do curso, tem-se uma espécie de “entrevista coletiva” feita pelos alunos com os professores cobrindo tudo o que os alunos queriam saber sobre a Escola da Ponte, um fabuloso conjunto de mais de 100 perguntas e respostas dando conta de tudo o que precisavam aprender.

No grupo de Whtasapp o coordenador pode ir orientando diariamente os alunos, de uma forma ágil, que chega imediatamente a eles, com a ferramenta que já estão acostumados a usar, sem que precisem aprender a usar um ambiente estranho, incentivando sua participação, instruindo sobre o que fazer a cada dia e eventualmente atendendo individualmente aos que precisam de ajuda mais específica e próxima para superar dificuldades. O coordenador (neste curso, eu) se comunica assim, por Whatsapp, de forma multissíncrona tanto coletiva quanto individualmente.

No CAFÉ os alunos podem conversar entre si em um grupo no Facebook, outra ferramenta amplamente conhecida e que todos já sabem usar. No grupo do Facebook essa conversa está organizada em “mesas”, que são de fato tópicos de discussão dentro do grupo. Assim, os alunos podem colaborativamente debater entre si cada aspecto abordado na SALA com os professores, trocando informações, resolvendo pequenas dúvidas entre si, com base em ajuda mútua, num contínuo exercício de aprendizagem colaborativa numa comunidade virtual.

A página do curso é um Google Site. Uma pasta do Drive foi compartilhada exclusivamente com os alunos do curso, de tal forma que qualquer arquivo guardado nesta pasta passa a ser acessado exclusivamente por eles e mais ninguém. O Google Site do curso está nesta pasta e, portanto, somente os alunos conseguem enxergá-lo. Quem tenta acessar o endereço http://sala01.aquifolium.com sem ser aluno do curso “bate” numa página de erro como se a página não existisse. Somente os inscritos no curso conseguem acesso a esta página com todos os recursos acima descritos. Isto facilita a vida do aluno porque ele não precisa criar uma nova conta em um novo sistema: ele usa a conta Google que está acostumado a usar quando navega normalmente na Internet.

Na pasta compartilhada com os alunos se encontra também uma sub-pasta com o back-up diariamente atualizado das mensagens do grupo de Whatsapp, de tal maneira que se acontecer qualquer imprevisto com seu celular o aluno possa recuperar estas mensagens facilmente.

Com isto se tem um ambiente de uso imediato, com recursos popularmente conhecidos e que atendem a tudo o que o aluno precisa para fazer o curso. Como disse, um ambiente indolor, que não exige que o aluno aprenda a usar sistemas que não conhece, sem perder tempo com cadastros e logins, sem precisar guardar novas senhas. E o curso pode assim funcionar de imediato, totalmente focado em atender ao que os alunos querem e precisam aprender.

Você também pode organizar um ambiente assim, sem precisar depender de sistemas complicados de configurar e usar e aproveitando alguns dos serviços mais populares e mais estáveis da Internet, livrando-se de sobrecargas e aflições com suporte e problemas técnicos típicos de AVAs que ficam hospedados em servidores de instituições de ensino.

Experimente…

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Wilson Azevedo

Trabalho com Educação Online e Inovação Educacional desde 1994. Tenho formação em Filosofia, Antropologia e Educação. http://linktr.ee/wilsonazevedo